segunda-feira, 12 de maio de 2008

O que pensam os sócios do empréstimo

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Carta de Zé dos Cucos a Luís Oliveira, publicada no Canto Azul ao Sul

Caro amigo Luís Oliveira,

É hoje a tal AG Extraordinária, onde Fernando Sequeira vai comprar lenha.

Na mesa o empréstimo ao Banif, nem percebo porque é que consta o banco e não a verba que a CS vai dizendo que é entre 5 e 7,5 milhões de euros de a liquidar em 7 anos.

Assim mesmo a frio, Fernando Sequeira segue uma senda inglória ao arrepio dos Estatutos e das normais regras de boa gestão.

Discordo de algumas das suas razões e da admissibilidade que faz em ter por bom tal empréstimo e digo-lhe isto sem ser para o contrariar, mas por princípios elementares.

Ninguém que prime pela lisura de procedimentos, pede um empréstimo sem saber primeiro, com que meios o vai pagar, sem ter feito as continhas todas onde pode poupar e onde arranja o dinheiro.

É assim comigo, consigo e com muita gente que mantem as contas em dia.

Ora pedir um empréstimo quando ainda se está a estudar a forma de reduzir a despesa é um acto muito pouco avisado.

Digamos então que só após reduzir a despesa abaixo dos proveitos, no mínimo pelo valor que se pretende aumentar os encargos é que será lógico avançar.

Caso contrário, lá vão as garantias reais que é como quem diz os terrenos, numa expiral de endividamento que nem aquele investidor do Boavista conseguia melhor.

Fernando Sequeira está a dever as contas que tinham que ser apresentadas em Abril e não me venham dizer que não estão feitas porque duvido muito que o Dr Viana de Carvalho se fosse embora sem as fechar. Deve também o resultado da auditoria que prometeu e já devia ter apresentado.

Pois tem aí matéria para fazer cair a direcção de repente pela infração estatutária, isto é se houvesse um conselho fiscal e disciplinar a sério.

Nem vou falar das contas anteriores que não foram aprovadas, mas um orçamentozinho extraordinário caía bem antes de se avançar com esta consideração de empréstimo, afinal um político sabe que um OGE que não passe no parlamento é queda do governo, se não fôr à primeira é à segunda.

Trata-se de honestidade intelectual e de procedimentos que qualquer gestor faz nas suas empresas, sob pena de ter vida curta.

Com mais de 10% do mandato feito, nada de importante se viu desta direcção, quer no plano interno, quer no externo, limitando-se a produzir umas poucas informações para a imprensa que as oposições internas/externas mandam em maior volume. Resta-lhe pois os desmentidos quando se dá ao trabalho de os fazer. Assim está o Belenenses.

Sobre o tal empréstimo, pouco se sabe das considerações da SAD e como temos maioria é pró-forma, mas convinha saber exactamente quais são as garantias reais que a SAD vai proporcionar, porque se o assunto foi lá apresentado é porque vão beneficiar dele, logo, em que proporção e o que é que os accionistas dão como garantia?

Dos seus amigos do conselho dos anciãos, já sabemos que aprovaram e oferecem o frasco de cicuta como garantia real pela parte que lhes toca.

Na AGE virá isto tudo à baila, em caso de quebra de receitas, vão os terrenos à viola e entretanto a hidra das modalidades profissionais continua a gastar o que não tem, ampliando o buraco cada vez maior onde o clube se afunda.

Neste momento as profissionais não têm que ser só auto-sustentáveis, teriam que dar o lucro suficiente para parar os tais 100 000,00 euros mensais, está a ver a cena?

A auditoria não deve ter dado nada de especial e até nós sabemos que quando existe falta de verbas, recebem umas tranches da sportv para uns anos e a coisa nem passa pelos sócios, é tipo surra e essa mama já deve ter andado.

Por essas e por outras e porque existem sócios que vão lá, não me acredito que a sua notícia de logo ou amanhã seja diferente de "empréstimo chumbado".

Aí veremos como a Direcção vai encontar a liquidez necessária sem mexer nas modalidades profissionais.

Depois conte-me que gosto de andar bem informado.

Um abraço.

Zé dos Cucos

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