domingo, 12 de novembro de 2006

Crónica de um Estádio Abandonado- Parte III



Dando sequência às crónicas iniciadas relativamente à busca dos motivos que estão por detrás da não ida dos adeptos ao Restelo, aproveito para trazer mais algumas idéias que consegui encontrar, não só na net como em emails recebidos.

Começo com um extracto de um email do Xandala, que não concordou muito com as opções escolhidas para o inquérito em curso:
Imagina tu que eu deixei de frequentar jogos, tal como muitos sócios por outras razões, por ex. não conseguir ver metade do jogo na bancada dos sócios, apanhar chuva e vento, quando havia lugares vagos em número exagerado, chegar à conclusão que os melhores lugares na bancada dos sócios tinham borlistas e para finalizar, concluir que metade do estádio melhor sentado estava lá de borla.” Seguiu-se uma série de considerações face à política de convites (ou à inexistência dela). No fundo o que o meu amigo queria dizer é que os sócios normais têm muito más condições no estádio e que por isso e por uma má política de convites do clube, decidiram deixar de ir ao estádio.

Penso que estes dois aspectos estiveram incluídos no inquérito nas opções “O estadio é pouco confortável” e “É uma forma de mostrar o desacordo com a direcção. A primeira das opções aparece pouco votada e a segunda tem um número significativo de votos, o que quer dizer (por exemplo) que os sócios normais deveriam ser ouvidos relativamente à política de convites. Quanto a mim, acho que se devia rever a situação em que quando houver muitos lugares vazios na zona dos cativos, permitir a entrada de sócios normais para essas zonas ou então para a zona idêntica do outro lado do estádio.

Outro sócio (Pedro Patrão) com muita participação na última AG publicou no blog do cfBelenenses (e depois também no terceiroanel) algumas propostas relacionadas com associados, quotas, cativos e que em alguns pontos procurava formas de obter um melhor ocupação do Estádio do Restelo. Dizia ele que existem muitos sócios com lugares cativos e que não vão ao estádio. O seu objectivo, diz, seria o de ajudar o clube. Propõe algumas alterações a essa situação, tais como o lugar cativo passar a ser de época desportiva e não de ano civil, caminhando progressivamente para os bilhetes de época. Referiu ainda ajustes no custo dos lugares, resultando benefícios económicos para os sócios.

Para os sócios em geral fez as seguintes considerações, que considero bastante interessantes: “Actualmente por jogo pagam 12,5€ (n.d.r; inclui as quotas). Se quisessem pagariam 50€ por um bilhete de época, o que dá 3€ por bilhete por jogo. Neste caso, se comprassem o bilhete de época passariam a pagar 9,44€ por jogo. Sendo nitidamente os sócios de poder económico mais baixo, deverá ser-lhes dada também a oportunidade de comprar os bilhetes jogo a jogo, ou seja comprariam cada bilhete individualmente a 4€ cada. Caso os comprassem um a um, e os comprassem todos, passariam a pagar 10,5€.

Também seria interessante, por forma a cativar as famílias, oferecer um desconto «Pack Família» de 10% sobre o preço total, quando 2 ou mais familiares directos comprem os seus bilhetes de época.”.

Pedro Patrão considera que devia ser enviado um questionário a cada sócio do Belenenses, com um envelope RSF, por forma a saber porque é que cada um é sócio, se vai ao futebol, se sim, porquê, se vão a todos, ou se há algum dia que por qualquer motivo não vão, se não, porquê, e quais os factores mais impeditivos, etc. No fundo, traçar melhor o perfil do sócio do Belenenses, do sócio do futebol, para assim melhor adequar a oferta de produtos e serviços a esse perfil.

Outro sócio muito conhecido, Dinis, comentou recentemente neste blog este assunto e indicou que “quando o Belenenses tinha equipas mais competitivas e os jogos se realizavam às 15 horas de Domingo, o Restelo tinha média de assistências na ordem das 10 mil pessoas. Os Belenenses de Lisboa marcavam presença e havia sempre em todos os jogos Belenenses vindos dos nucleos pelo menos aqueles de mais perto”. Segundo ele a promoção do próprio clube na sociedade tem que passar por uma equipa competitiva e ganhadora. ”.

Ainda por aqui, um sócio não identificado, referiu que é necessário uma política adequada de imagem e comunicação: “Promove-se, passando paixão pelo clube. Agora será que os dirigentes dos últimos anos, na sua maioria, gostam mesmo assim muito do clube? Eu acho que é poucochinho, morno-frio. E por isso o seu discurso não chama ninguém, pelo contrário, só repele.”. É essencial que o Belenenses tenha bons comunicadores, pessoas sedutoras que se saibam apresentar na comunicação social e transmitir uma mensagem de paixão e amor clubístico e simultanemante cativar o próximo. A fidelização faz-se da paixão, por motivos subjectivos e um pouco ligados a aspectos religiosos. É por esse motivo que o estádio da Luz é também chamado a Catedral? Porque não promover o Estádio do Restelo como a nova catedral de Lisboa?

Recentemente no blog do CFBelenenses, na secção de comentários de um artigo relacionado com a saída do Braga de Carlos Carvalhal, este tema foi abordado. É verdade, o assunto não tinha nada a ver e nessa troca de opiniões intervieram curiosamente os editores de um outro blog: o Canto Azul ao Sul. Segue-se um resumo do que de melhor foi dito nesta matéria. Saliento a procura de soluções nesta espécie de “brainstorming” e não apenas das causas.

Jorge Oliveira começa com uma opinião muito curiosa: “deveria ser competência da liga definir as politicas para atrair os adeptos aos estádios, com respectivos divdendos para os clubes.”, indicando da parte deste entidade “não haver respeito pelas regras da concorrência”.
Reforça a idéia de que “Transmissões televisivas com bancadas vazias é deprimente, degradante para o próprio futebol”. Aqui, lembro-me mais uma vez da idéia de passar as câmaras de TV para o lado oposto do estádio. Faz também um apelo muito bonito para incentivar os adeptos a irem ao estádio:
“Porque futebol é no estádio,
A cor, a emoção, a alegria e a paixão é no estádio.”
Fala ainda no excesso de futebol na TV, situação já abordada em crónicas anteriores. Tenta uma abordagem às políticas de fidelização possíveis, mas acaba apenas por constatar que apenas os “3 grandes” conseguem fidelizar adeptos, não apresentando soluções para o problema. No fundo o tema em apreço era outro.

Jorge Braz começa por indicar que no “ano passado nós recebemos 1,6 milhoes de euros por 14 jogos em casa, concluindo que é à conta desse dinheiro que andámos a ter jogos às segunda e sextas-feiras”. Aproveitei aqui para fazer algumas contas . Se cada espectador pagasse 5€, seria necessário termos sempre 20.000 adeptos no estádio para chegarmos a esses valores.

Continua apresentando uma proposta concreta e muito interessante: negociávamos todo esse bolo para apenas os jogos com os 3 grandes, exigindo que não só esses como os restantes fossem sempre disputados ao fim-de-semana. Não sei se o Jorge Braz leu o contrato assinado entre a Olivedesportos e a Liga, para verificar se tal é possível, mas fica a proposta, fazendo-me um pouco lembrar as reivindicações do Vale e Azevedo nessa matéria.

Henrique Amaral foca a questão da escolha dos dias e das horas, concordando com a renegociação dos preços dos jogos com os “três” e toca na questão da política de convites que tem que ser alterada.

Miguel Amaral concorda também que os horários deviam ser outros: “ (sabado das 14 horas às 19horas)e domingo no mesmo horario.”
Tem uma opinião curiosa quanto à transmissão genérica de jogos na TV: “Devia haver sobreposição de transmissões e/ou terem inicio imediatamente a seguir uns aos outros.” Penso que se está a referir à SportTV1 e SportTV2, pois os outros canais nem sempre têm direito a transmitir o que quer que seja.

Remata indicando que o que está mal, no nosso clube é esta politica de não fidelização das pessoas, a falta de comodidade, a não existencia de bons espectaculos.”

Introduz a seguinte máxima: ”Um adepto de futebol que viva perto seu estádio, tem obrigação de ir ao estádio.”

Penso que com estes comentários, qual deles o mais interessante, estamos em cõndições de fechar o inquérito e passar à sua análise, o de deverá ocorrer dentre de um ou 2 dias.

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