sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Sensibilidades com feridas


Os conturbados episódios do quotidiano que assinalaram o 1º quartel do séc XX, passaram pela implantação da República, por revoluções de amiude, fracturas sociais, políticas e culturais.
Em 1915 é lançada a revista Orpheu com 2 números, pois o 3º nem chegou a ser publicado, viviamos momentos de roturas em todo o tecido social.
Júlio Dantas, médico, poeta e escritor é figura da intelectualidade da época e afirma que a revista é feita por gente sem juízo, numa provocação irónica e mordaz. Almada Negreiros, fundador da revista, responde com o Manifesto Anti-Dantas.
Os princípios do modernismo, do futurismo, estavam lançados.
De entre as muitas roturas e afirmações que se fizeram, surgiu uma indelével, mais forte porventura que o manifesto, os Belenenses.
O Manifesto, com o qual contactei de raspão na formação escolar, vem ciclicamente à colação na Assembleia da República quando querem presentear um adversário político, com alusões ao Dantas.
Mário Viegas, declamou-o na TV com o timbre que lhe conhecemos.
Se houvesse que classificar um elemento da direcção do Belenenses como Dantas, decerto nunca escolheria Cabral Ferreira, tem lá gente que sobre para o papel.
Cabral Ferreira pode ser refem das suas opções, do CG, do Sequeira Nunes ou de quem quiser, mas não me parece a personagem adequada para levar à cena o manifesto.
E para meio entendedor (citando o Fiúza) meia palavra basta.

Xandala

(Auto-retrato de Almada Negreiros na imagem)

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