Antigamente dizia-se que um burro carregado de livros era um doutor.
Quando ouvi falar, ou melhor li que tinhamos um jogador a fazer exames médicos, estranhei, não é costume ouvir tal e já me interrogava desde há muito se os jogadores faziam os exames antes de assinar o contrato.
Depois de tantas lesões, após ver jogadores que ao fim de uma semana se lesionam com tempos infinitos de paragem, pairavam certas dúvidas.
Quando Luís Baptista entrou em conflito por o departamento médico tratar do mesmo modo e proceder à recuperação de lesões diferentes, fiquei lívido, firme e hirto como uma barra de ferro. Cheguei a pensar que o nosso departamento clínico era pior que o da Luz, mesmo assim, não tenho nada que me diga em seu abono.
Não sei porquê, mas à memória vem sempre que falam de exames médicos aos jogadores, um cenário e umas histórias que vou contar.
Próximo da nossa filial nº 1, que segundo se diz é Elvas, do lado de fora da cidade e junto ao aqueduto, funcionava uma feira de gado regularmente, onde fervilhavam ciganos e outros não menos "ciganos" a transacionar burros, cavalos, machos e mulas.
Contavam-se histórias de burros vendidos com dentes de gesso, com pelagem linda e tingida com tinta dos sapatos e uma parafenália de argumentos e aldrabices.
Conhecedor, ou feito de entendido, certo alentejano foi à feira comprar um burro para trabalhar na terra, passou pela feira e viu um burro sem deformidades dorsais, aproximou-se, viu os dentes, viu os cascos e entendido disse ao cigano, o burro até tem bom porte, é novo, mas não está habituado a trabalhar.
O cigano pegou nos argumentos e disse-lhe que o burro era de uma viúva, estava que nem um príncipe, mas sabia trabalhar, apenas que apenas trabalhava duas horas por dia a tirar água ou a fazer trabalhos nas poucas terras da idosa.
Duas voltas ao animal e tudo parecia bem, o cigano nem pedia muito por um burro que não acusava trabalho e lá comprou o burro.
Quando chegou a casa o burro eriçou-se, fez força e mais força e expeliu pelo ânus duas latas de concentrado de tomate, claro que perdeu a elegância e o porte que ostentava.
O proprietário, nem sabia como contar, mas lá ia dizendo que tinha um burro que fazia concentrado de tomate enlatado, coisa moderna daí o preço...
Qualquer dia ainda vou perceber porque me vêm à idéia esta história quando me falam em exames dos jogadores.
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