sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

A sorte de Cabral Ferreira

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O nosso antigo colaborador Blue envia um trabalho que publicamos:

Cabral Ferreira chega a 2005 como um homem do sistema protegido por Sequeira Nunes e após anos de dedicação ao clube.

Se bem que a sua anterior actividade não possa ser considerada meritória, cumpria os mínimos que se pode exigir a um amador que vai ouvindo e pontualmente faz algo para mostrar serviço.

Com a crescente contestação a Nunes, este aflito do fígado das grandes bebedeiras que apanhou à pala do Belenenses, farto de jantares e com a chatice de ir a uma série de reuniões cheio de sono, lembrou-se do seu fiel delfim e resolveu delegar a presidência condicionada, elevando-o a 1º títere do Belenenses.

Nunes já tinha começado a preparar as coisas para as eleições com a volta azul e reunindo uns apoios entre compadres, os estatutos estavam de feição e foram uma obra prima para garantir a continuidade e a blindagem de todas as asneiras feitas por si e seus antecessores próximos.

Cabral Ferreira era a figura submissa e leal indicada, tinha participado numas patifarias, falava praticamente com quase todos os membros do Conselho Geral, proeza que muitos poucos belenenses se podem gabar, sobretudo era manobrável, logo, era o homem ideal para por o pau nas mãos.

Com os estatutos, o quadro normativo que rege o clube protegido, a SAD blindada e o futebol era «cosa nostra» nem o incomodou a estrutura amadora que se quer gigante frente aos desafios actuais.

A contabilidade de prego, a desresponsabilização do aparelho pela inércia da decisão, a falta de medidas de fundo, a médio e longo prazo, eram bloqueios quase intransponíveis para a perda do controlo.

O amadorismo impede que determinados serviços funcionem de uma forma coerente e isentam de responsabilidades os gestores que se pedem eficazes.

As célebres teorias que não se pode negociar com o clube e que os dirigentes são amadores, não é mais que um garrote da evolução, enquanto por outro lado, serve de almofada a quem despreocupadamente se candidata com o mero fim de ostentar benefícios curriculares, honrarias tontas e precedências numa escala prevertida de belenensismo bacoco. Para lá ficam os interesses instalados a gerar pé-de-meia que se encarregarão de tapar qualquer buraco para não se enterrarem.

É neste quadro, onde surgem de amíude vozes que se levantam contra o sistema. “Casa onde não há pão…”, que Cabral Ferreira aceita a delegação, ofuscado pelo brilho da honraria, ignorando as vozes avisadas sobre a realidade passada que não é consentânea com as formas de gestão actuais, impedido de expurgar o sistema e as regras atrofiantes e para tal terá que se alterar os estatutos.

À alteração dos estatutos diz sim e para se ver livre de algumas vozes na sua 1ª AG e convida Mendes Palitos para integrar a comissão, numa manobra de mentira imperdoável e que viria a ser falal.

A ameaça que paira na 1ª AG é real.

Cabral Ferreira estava há 6 meses no poder, apresenta um orçamento em sede de AG de forma displicente, porque estava habituado a assistir a Ags com 10 sócios onde 2 ou 3 sarnavam e com uma benesse tudo se resolvia, os outros adormeciam e os orçamentos eram aprovados, com o «quem vota contra… quem se abstem, aprovado por unanimidade», cumprindo e resumindo a função à eterna pena de acordar 8 sócios que ainda não tinham terminado o 1º sono.

CF não entende quando lhe dizem « este orçamento vai matar o belenenses», João Pela diz-lhe que « o orçamento lança o clube no abismo», Mendes Palitos, pede «atenção à formação», Rui Almeida, apela « à racionalização das modalidades », nessa altura é o pessoal do rugby que lhe segura o orçamento e por escassa diferença. A lição não foi percebida.

As contas de 2005 em Abril foram mais uma pedra no charco, chumbadas, mas como a mesa não conhecia os estatutos e a legislação considera-as aprovadas. Se a ameaça de chumbo era preocupante e denotava um crescendo de indignação, o seu chumbo efectivo devia ser muito mais atendível.


Ignorando os estatutos e a co-responsabilização dos restantes vices-presidentes, CF imagina-se rei, nu mas rei, aproxima-se o desastre anunciado e a separação da realidade, ameaça o divórcio. O que o segura é o caso Mateus, o que for a fruto da inépcia é agora a tábua de salvação. Os sócios e bloguistas estão com ele em torno de um ideal, a vitória da justiça, limpará todas as asneiras, pensa ele.

Põe então a carne toda no assador, manda a pérola PAI para os olhos do C.G. que se intromete abusivamente na gestão, documento que apesar de julgar o novo testamento, não é mais que um documento mal escrito e que a ser publicado lançará o clube num maior tumulto e mete-o na gaveta.

No meio do desastre e sem mostrar arrependimento ou ideias avança para um orçamento rectificativo, não tem projecto, o inicial já estaria esquecido e as promessas levadas pelo vento, afinal ele era o presidente. Resultado, chumbo claro, mas CF não dá importância e ignora mesmo sem justificar, sem corrigir ou emendar a mão.

Brilha momentos, aparece e o belenenses é falado, qual fósforo que arde para aquecer e iluminar a noite. Fraca fonte, pois em breve queima os dedos.

Entretanto, um grupo de 298 sócios toma a iniciativa mais grave, pede uma AG ao respectivo presidente para demissão da direcção, o que com um conluio resolve com um artifício duvidoso.

Acto imediato, é proposto procedimento disciplinar por João Pela, contra toda a direcção ao Conselho Fiscal e de Justiça, é metido na gaveta e esquecido. O presidente da AG apesar de conhecedor deixa passar.

CF na sua senda suícida dá uns jeitos, umas entrevistas, ameaça a recandidatura, o CG reage, Nunes tira-lhe o tapete e muda a indicação dos seus delfins para J. Barbosa e B. Marques, perfila-se e procura apoios.

A manobra mais lesiva é o sistema de convites que lançaram a desconfiança, numa clara falsa popularidade em busca do apoio perdido.

Sinais insuficiente e CF avança para uma AG sem dar qualquer mostra de boa vontade, confiando na sua capacidade de persuasão, que afinal nunca teve, nos apoios de uma direcção que sabe não ter ou pensa nunca lhe faltar. Tem para oferecer a sua disponibilidade e melhor dedicação, não chega, pensa na próxima dispensa ou transferência para casco de rolha que no emprego que dá o guito, pode ser aproveitada para um exemplo de profissionalização e uma fuga para a frente, tarde demais.

O futuro pela via estatutária está comprometido, as candidaturas estão a esta hora a organizar-se e estão à beira de vir a lume já feitas e CF que tem preparado, possivelmente nada, vai pensar e arranjar os seus convidados e apoios da ordem de preferência comprometidos com o clube, aqueles a quem ajudou, será que não lhe viram as costas?

A sua inércia no que se refere aos estatutos foi fatal.

Claro que o amor ao clube não impede qualquer colaboração pessoal, mas qual será um Vice-Presidente que estará disposto a abdicar do seu emprego ou dos seus negócios para se dedicar gratuitamente ao clube de forma séria e profissional? Decerto muito poucos para não dizer nenhum, mas pode-se questionar também, qual o responsável que está disposto a responder por uma acção, pela qual pode ser multado, preso e penalizado, tendo debaixo da sua alçada pessoal quem aufere muito mais que aquilo que ganha na sua própria actividade, sendo que o próprio está impedido de receber qualquer vencimento?

É evidente que ou se tem um património consolidado e um nível de vida elevado, disponibilidade e a vida organizada e neste caso não haverá muitos sócios com disponibilidade ou admite-se um reformado que já não tem vida ou forças para a tarefa e não se quer incomodar.

Admite-se que há pelouros que não o justificam, mas outros, têm efectivamente que ser remunerados e obrigatoriamente têm que ser desempenhados por profissionais da área, devidamente habilitados.

CF está assim entre a espada e a parede. Dará o passo em frente?


Blue

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