segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Bairrismo tem hora

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O bairrismo consiste no princípio de que o meu bairro é melhor que os outros. No sentido descendente, a minha rua é a melhor do bairro, o meu prédio é o melhor da rua e em acrescentos literários recentes, lá em casa quem manda é a minha mulher e na minha mulher mando eu. No sentido ascendente, a minha freguesia é a melhor, a minha cidade não tem igual, o meu distrito não tem comparação e Portugal não tem rival.

Vem isto a propósito dos clubismos e bairrismos, neste caso a escalas diferentes. Um verdadeiro bairrista, não digo dos antigos que cuspiam no chão e diziam palavrão, mas dos modernos, defendem o seu bairro ou clube até às "últimas" consequências. Esse conceito de organização social que existe por esse mundo, em Portugal ganhou uma expressão singular, bem demarcada.

A realidade espelha bem que não se prejudicam interesses superiores em função dos inferiores, essa é uma característica do bairrismo ascendente.

Scolari, tirou magistralmente partido desse nosso espírito bairrista, ao congregar os portugueses em torno da selecção, afastando de cena os clubes e os seus interesses, alheando-se da sua dimensão e previligiando o valor dos jogadores de acordo com um todo.

Ora, constactar que existe uma região, que de uma ou de outra forma faz lobbie, verificar que uma cidade está disposta a sacrificar as cores nacionais em favor de uma teimosia, isto não é bairrismo, não é bom senso, perdoem-me mas ajudem-me a encontrar a palavra que define a acção, pois o meu vocabulário não chega.

Os juristas, comentadores e muitos instigadores deste braço de ferro, são culpados de lesar a pátria.

E agora pergunto eu, se uma cidade que tem um clube com um número de sócios diminuto, dos quais dificilmente estarão metade numa AGE e face a uns estatutos que desconheço, mas possivelmente conferem mais votos a uns que a outros, pode pôr em causa a selecção de Portugal? Estaremos refens de meia dúzia de sócios de uma clube de nível distrital?

A parcimónia recomenda cuidados e muitos, não só está em causa as competições de outros clubes, porque esses mexam-se, está em causa a imagem de Portugal.

Se fôr necessário, seja banido o Gil Vicente, apagado de qualquer competição, mas Portugal ser refém de um punhado de alucinados, NÃO.

Viva Portugal.


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